Dia Mundial da Água: Rio Tietê podia ser solução ao invés de um problema

Por geraldo | 22/03/2017

Governo Tucano afirma que rio é o grande "ralo" de São Paulo, promete limpeza há décadas e gastos bilionários evidenciam a falta de saneamento e compromisso.

Nesta quarta-feira, 22, é comemorado o Dia Mundial da Água, data onde geralmente são realizados debates e reflexões para o futuro do planeta em relação à quantidade de água potável que nos resta a cada minuto. No Estado de São Paulo, que enfrentou recentemente a pior crise hídrica e a maior seca da sua história, o dia da água nos lembra de um velho conhecido de todo paulistano: o Rio Tietê.

Se não fosse a falta de políticas públicas para a universalização do saneamento básico e o descaso com a fiscalização dos lixos despejados pelas indústrias, o Tietê talvez estivesse em condições melhores, sendo inclusive solução de alguns problemas enfrentados pela população.

Alvo de propagandas do governo estadual desde o início da década de 90, quando uma dupla sertaneja em comercial do Estado falava que o paulistano iria nadar no rio em poucos anos, o "Projeto Tietê" poderia fazer com que o rio fosse um aliado para combater a crise hídrica e a falta de água potável. Mas, diversos motivos fizeram com que ele se tornasse inimigo da população, centro de epidemias, doenças, mau cheiro e críticas de moradores, governantes, imprensa e turistas.

Os tucanos assumiram o governo ainda nos anos 90, e lá estão até hoje. O Projeto Tietê seguiu, mas o resultado está longe de fazer algum paulista nadar no rio ou beber água dele. Muito pelo contrário, em mais de duas décadas, os investimentos já ultrapassam os bilhões e o resultado ainda é o fracasso.

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No dia 1º deste mês, Alckmin anunciou o gasto de mais R$ 55 milhões em obras de desassoreamento de trechos do rio, dizendo beneficiar algumas cidades. O governador chegou a afirmar que "o Tietê é o grande ralo de SP". Como já foi dito, as obras de desassoreamento de nada vão adiantar se o Estado e a Sabesp não trabalharem em um programa de saneamento básico universalizado, ou seja, que atinja todos os rios e afluentes que desaguem no Tietê, medida que iria também melhorar a vida de milhares de pessoas em diversos municípios.

De fato, o que vai para o ralo todos os anos é o dinheiro dos trabalhadores, que esperam a mais de 20 anos a promessa de limpeza do rio Tietê se realizar, e aos poucos, passar a ser usado como alternativa para a falta de água que atinge milhões de famílias todos os anos no período da seca.

Em 2015, dois anos atrás, a “despoluição” já havia custado para os cofres do Estado mais de R$ 8 bi, hoje, com certeza, o número é muito maior. Um relatório técnico feito pela SOS Mata Atlântica no ano passado, afirma que os baixos índices de saneamento básico nos municípios e os esgotos remanescentes que são lançados diariamente nos rios são algumas das principais fontes de contaminação.

Aliás, a Sabesp faz parte do processo, e é responsável por uma parte do saneamento e tratamento de esgoto dos municípios da grande São Paulo, que possuem córregos que desaguam no Tietê. O que as prefeituras veem é a Sabesp preocupada apenas com a rede de abastecimento de água, onde ela pode cobrar a conta e obter lucros, mas se esquecendo de que no valor pago pela população está incluso o custo para obras de saneamento e tratamento do esgoto. Na grande maioria dos casos, a Sabesp não cumpriu sequer a metade do Plano Diretor de Saneamento, o qual a própria empresa é responsável por elaborar e executar.

O relatório da SOS Mata Atlântica ainda diz que apenas 60% do esgoto coletado é tratado, deixando claro que a bacia hidrográfica do Tietê sofre com a falta de saneamento ambiental. Mais de 590 toneladas de resíduos bioquímicos são despejadas no rio e em seus afluentes todos os dias, comprometendo a qualidade da água.

Até quando seguiremos nessa situação não se sabe, mas o fato é que o problema continua cheirando mal e a céu aberto. Milhões de pessoas abrem a janela de seus carros ou casa e olham para ele todos os dias. O principal rio de SP poderia ser uma solução, mas até hoje é apenas promessa de eleição.