Greve dos professores da rede estadual de ensino escancarou a truculência e o autoritarismo do governo tucano em São Paulo

Por cecilia | 23/04/2015

Os professores foram às ruas no dia 13 de março reivindicando aumento salarial e equiparação às demais categorias de nível superior, além de igualdade de direitos aos trabalhadores temporários da “categoria O”, que são precarizados e tratados como como profissionais de segunda linha.

Os professores também exigem a reabertura de salas de aula que deixaram de funcionar. A secretaria da Educação fechou, neste ano, 3.390 classes, sendo 3.300 no ensino médio. Com isso, salas de aula ficaram superlotadas, com até 60 alunos no ensino regular, e 90 em turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA), impossibilitando qualquer tentativa de ensinar ou aprender.

O governo Alckmin simplesmente ignora essas justas demandas, fechando-se para o diálogo e reafirmando, todos os dias, que essa greve simplesmente não existe.

Mas os professores, maltratados há 20 anos por esse governo, sabem ser combativos e o que assistimos nas últimas semanas é uma verdadeira aula de cidadania vinda daqueles que todos os dias lutam para que nossas crianças e jovens tenham educação com qualidade, mesmo tendo que enfrentar todo tipo de adversidade no seu dia a dia.

Um acampamento na Praça da República, em frente à secretaria estadual da Educação, foi montado pelos nossos mestres. Fizeram desse local um espaço de resistência, e gritaram: “Não tem arrego”.

A Bancada do PT na Assembleia Legislativa esteve no acampamento manifestando seu apoio. Vimos mais do que profissionais brigando por reajuste salarial. Vimos professores lutando por uma Educação de qualidade.

Também nos chamou a atenção o apoio dos que passavam pelo acampamento. Eram pais, mães, estudantes que se solidarizavam com os professores nessa empreitada pela escola pública de qualidade.

Na tentativa de conseguir o apoio da base governista na Assembleia, levamos uma comissão de professores ao Colégio de Líderes, para que apresentassem suas reivindicações. Com o mesmo objetivo, organizamos uma audiência pública no dia 15 de abril, que contou com a participação de cerca de mil professores, mas nenhum representante do governo estadual compareceu.

Mais uma vez os professores afirmaram: “Não tem arrego”. Sem outra alternativa, tomaram a decisão de ocupar a Assembleia, de dormir nas cadeiras e degraus da galeria do plenário.

Os deputados dos partidos de oposição ao governador tomaram a frente e conseguiram que a presidência da Casa agisse no sentido de intermediar uma negociação. Foram marcadas, então, duas reuniões: uma com parlamentares e outra com o secretário da Educação, onde os professores apresentam sua pauta de reivindicações.

É a tentativa de abertura do diálogo, pautado pelas melhores condições de trabalho e por uma remuneração justa, mas fundamentalmente pela construção da escola de qualidade que queremos e que nossas crianças têm direito.

A Bancada do PT está ao lado dos professores nesta jornada pela escola que o povo paulista merece. "Não tem arrego".

Geraldo Cruz 

Líder da Bancada do PT na Alesp