Artigo: Desafios na Assembleia Legislativa em 2014
Geraldo Cruz no uso da tribuna no Plenário da Alesp
Por | 17/01/2014
Entre estes três cargos públicos, certamente o de deputado estadual tem sido o mais frustrante. A estrutura de funcionamento da Alesp, extremamente burocratizada, aliada à distância imposta à participação da população, mais a subserviência da maioria dos/as deputados/as em relação ao governo estadual, conferem pouca efetividade ao trabalho.
Não há espaço para o debate. Muitos foram os projetos de lei, impostos pelo Poder Executivo sem que os parlamentares ao menos tivessem tempo de apreciá-los, quanto mais, convocar audiências para informar a população sobre o teor dessas matérias.
Neste período apresentamos 11 projetos de lei. Cada um deles foi elaborado com base em demandas sociais, apresentadas diretamente pela população ou identificadas por nosso constante trabalho de pesquisa e monitoramento das políticas. Além de serem submetidos ao debate público por meio de audiências públicas na Assembleia ou pré-audiências e plenárias realizadas em escolas e entidades sociais.
O projeto que previa gratuidade aos 60 anos em todos os meios de transporte coletivo no Estado teve sua redação modificada pelo governador que fez aprovar a gratuidade aos 60 anos apenas no transporte interestadual. Infelizmente, e por determinação do governo estadual, as pessoas idosas que têm menos de 65 anos continuarão pagando passagem no transporte intermunicipal e também no municipal de diversos municípios.
Algumas vezes ousamos assumir a responsabilidade por ações negligenciadas pelo Poder Executivo. Quando o governador vetou o projeto de lei que estabelecia transparência aos dados relacionados à educação – dos recursos alocados ao funcionamento de cada unidade escolar –, mentindo ao alegar que as informações já estavam disponíveis, optamos por realizar e ofertar este serviço, que é um direito, à população.
Quanto ao monitoramento do Poder Executivo – outro dever dos parlamentares -, temos agido coletivamente com os demais companheiros da bancada do PT. Graças a este grupo, conseguimos ao menos tornar públicos desmandos e desvios de recursos públicos praticados pelo governo estadual e silenciados pela mídia.
Na destinação dos recursos públicos, a ação parlamentar fica restrita à distribuição de algumas poucas emendas orçamentárias. Infelizmente, o Poder Executivo não tem coragem de implantar o orçamento participativo, única iniciativa que, efetivamente, iria conferir transparência e democracia na alocação dos recursos, ao mesmo tempo em que reduziria o clientelismo e troca de favores com o chapéu alheio - no caso, um dinheiro que pertence a todos nós.
Também, compartilho com vocês a esperança de que este Novo Ano seja marcado pelo desejo de mudança, de opção pelo desenvolvimento econômico, social e humano, e que estes anseios sejam expressos nas urnas.