Artigo: Mobilizações de 2013 são esperança para 2014

Por | 2/01/2014

O ano de 2013 foi intenso. E as manifestações que exprimiam insatisfação com os serviços públicos e também anseio por interlocução com os governos, foram um marco.

Algumas dessas manifestações ganharam a simpatia da mídia comercial que tentou, sem êxito, transformá-las em crítica ao governo federal. Os manifestantes evidenciaram que suas demandas incluíam a democratização da informação e o fim da interferência dos grandes grupos de comunicação na vida pública do País.

A presidenta Dilma, coerente com sua militância e responsabilidade administrativa, buscou dialogar com os manifestantes e articular ações envolvendo as três esferas de governo, de maneira a atender as reivindicações.

De maneira corajosa, a presidenta Dilma impulsionou o debate sobre a reforma política, principal estratégia a ser adotada no combate e prevenção à corrupção, uma vez que dificulta a promiscuidade entre o poder público e a iniciativa privada e dá transparência ao processo de fortalecimento dos partidos políticos.

Especificamente em São Paulo, como no ano anterior, assistimos o governo de Geraldo Alckmin patinar desastrosamente sem encontrar uma resposta eficaz para o aumento da violência.

Diante de crimes brutais que ocuparam a mídia, o governador desengavetou a proposta legislativa para redução da idade penal, e entregou ao Congresso Nacional, devidamente iluminado por holofotes e flashes da imprensa.

A sociedade civil se organizou e denunciou a medida como uma cortina de fumaça. Dos crimes registrados em São Paulo, menos de 2% tem a participação de menores de idade; e o debate colocado pelo executivo estadual desconsiderava totalmente a incapacidade do Estado de prevenir, combater e punir os crimes praticados por adultos.

Depois das críticas, o governador anunciou um pacote de medidas, e a emenda ficou pior que o soneto, pois a fracassada política de bônus foi transposta para os profissionais da segurança pública. Felizmente, até o momento, não foi colocada em prática.

Na saúde, a população foi intensamente prejudicada com a recusa do governador em dialogar com os profissionais que, no mês de junho, mantiveram-se em vigília na Assembleia Legislativa reivindicando não apenas salários, mas condições de trabalho. Faltam seringas, luvas e outros instrumentos elementares para garantir um mínimo de qualidade ao atendimento ofertado.

Ao final do movimento, muitas promessas e poucos avanços. Neste contexto, e graças à coragem e organização dos servidores da área, caiu o secretário de Saúde, Guido Cerri, infelizmente, não por sua incompetência na gestão, mas por ter se tornado público o fato de ele ser sócio de empresas, disfarçadas de organizações sociais, que prestam serviços muito bem remunerados para administrar equipamentos públicos.

Nenhuma prisão foi registrada, o caso não comoveu a mídia, mas, poucos meses depois, até mesmo os veículos de comunicação mais submissos foram obrigados a noticiar o “Trensalão”, que é envolvimento do governador e ex-governadores do PSDB no esquema de corrupção na construção de linhas de metro e trens da CPTM.

Apesar do prejuízo de mais de R$ 425,1 milhões aos cofres públicos, a repercussão foi infinitamente menor que o julgamento da Ação Penal nº 470, e nenhuma prisão foi decretada.

No parlamento, depois de 15 anos de mobilização da bancada do PT e outros partidos de oposição, foram derrubados 12 vetos do poder executivo a projetos de lei aprovados pela Assembleia Legislativa.

Apesar disso, permaneceu a interferência do governo estadual para blindar a investigação sobre os casos de corrupção e vetos a projetos que beneficiem a população mais pobre.

Não tenho a ilusão que a base aliada ao governador se disponha a analisar e votar os mais de 800 vetos que abarrotam a pauta legislativa. No entanto, creio que a indignação da sociedade paulista diante dos desmandos verificados em nosso Estado pode pressionar Executivo e Legislativo a atuarem pelo bem público.

Também, compartilho com vocês a esperança de que 2014 seja marcado pelo desejo de mudança, de opção pelo desenvolvimento econômico, social e humano, e que estes anseios sejam expressos nas urnas.

Feliz 2014! Que Deus abençoe a todas as pessoas, trazendo-nos paz e estímulo à solidariedade.

Saudações PeTistas


Geraldo Cruz

Deputado estadual