Artigo: As eleições no PT e as artimanhas do poder
Por | 25/11/2013
O Processo de Eleições Diretas – PED, é uma das muitas conquistas das milhares de pessoas que há mais de 30 anos vêm construindo o PT, com suas instâncias de participação direta. Sem dúvida alguma, são estas e outras características de organização partidária que fizeram do PT o maior e mais importante partido de esquerda da América Latina e, talvez, do mundo.
Esta diferença de tratamento, as artimanhas e armadilhas do exercício do poder, mais situações constrangedoras verificadas no PED em algumas cidades nos levam, num primeiro momento, a um saudosismo. Bons tempos aqueles em que as eleições para os diretórios eram precedidas de discussões inflamadas de teses e que – bem verdade... Cadeiras voaram algumas vezes.
No entanto, a experiência do poder nas diferentes instâncias de governo; as campanhas eleitorais cada vez mais caras, nas quais as técnicas de marketing se sobrepuseram ao conteúdo programático; o crescimento desordenado do Partido – a cada administração conquistada, pessoas sem qualquer vínculo ideológico com o PT se aproximavam em busca de cargos e outros benefícios – e, porque não dizer, a ambição pessoal de alguns companheiros, tornaram nossa estrela menos brilhante e forte.
E é justamente a disputa pelo “projeto” do PT que não nos permite o saudosismo. Ao contrário, exige de nós, militantes, mais coragem e firmeza ideológica do que nunca. As armadilhas do poder, seus fetiches e formas de sedução só podem ser combatidas, numa perspectiva macro, com a reforma política, que colocará fim ao mundo dos negócios estabelecido em torno das campanhas eleitorais, que resulta em diferentes formas de corrupção e relações promíscuas entre o público e o privado. Também, fortalecerá os partidos políticos, o que reduzirá os personalismos e, consequentemente, a fábrica de vaidades pessoais.
Nenhuma atitude contrária à ética pode ser tolerada, por mais nobres que sejam as justificativas. Não existe projeto de construção de uma sociedade justa, baseado em truculência. Quem defende a arbitrariedade e o abuso do poder econômico e político não visa o bem coletivo, mas defende interesses privados.
E, faço dessas palavras uma homenagem aos/às companheiras/os que participaram do PED, expressando livremente sua vontade.