Deputado exige que população seja ouvida sobre desapropriações no Parque Várzeas do Tietê

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Por | 18/10/2013

“Já vimos esse filme antes. Primeiro, o governo estadual faz o projeto e, depois, chama as famílias envolvidas para participar, sem que antes tivessem tido a chance de opinar. Essa é a lógica tucana, de quem não gosta de gente.”

Essa opinião foi manifestada pelo deputado Geraldo Cruz durante reunião da Comissão de Infraestrutura (15/10), convocada para ouvir o superintendente do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), Alceu Segamarchi Junior, sobre a construção de um sistema de controle de enchentes (pôlder) na Vila Itaim (SP), localizada no Parque Linear Várzeas do Tietê.

Como essa obra demandará o deslocamento de 4.472 famílias, sendo necessárias 933 desapropriações, a sessão foi acompanhada por dezenas de representantes das comunidades envolvidas. A Vila Itaim, Distrito do Jardim Helena, na zona leste de São Paulo, ficou conhecida pelas constantes inundações causadas pelas águas da chuva, mas que duram várias semanas, pois o fluxo é naturalmente direcionado para a Lagoa Itaim, que se encontra em uma área mais alta, causando refluxo, mantendo ruas e casas alagadas.

“Agora, mais uma vez, o Executivo vem com um projeto pronto, que demandará até recursos internacionais, sem ter feito uma única reunião com essas famílias sofridas, sem receber ou prestar informações a quem quer que seja”, afirma Geraldo Cruz, dizendo ainda que “somente os moradores dessa área sabem o que é melhor para eles, por isso deveriam ter sido ouvidos primeiro antes que qualquer medida fosse tomada”.

A ocupação da área vem ocorrendo desde a década de 70, mas os problemas começaram a partir do abandono de um porto de areia existente no local. A vala formada pela retirada da areia acabou sendo criminosamente invadida pelas águas do rio Tietê, após a abertura de um canal clandestino pela empresa mineradora. Com o passar dos anos, o lago ficou assoreado, com a lama contaminada do rio, crescimento de vegetação e acúmulo de detritos, elevando sua altura e causando o refluxo.

O projeto, além do pôlder em si, prevê ocupar com um parque uma extensão de 75 km e uma área de 107 km², a um custo total de R$ 1,7 bilhão, para um prazo de 11 anos. Esta primeira fase, que está para começar, terá 25 km, e compreenderá o trecho entre o Parque Ecológico do Tietê e a divisa de Itaquaquecetuba, com prazo de entrega em 2016.

Geraldo Cruz recordou ainda durante a reunião já ter enfrentado situações semelhantes, “em particular com a Dersa, que em uma de suas obras rodoviárias na Guarapiranga desapropriou e deslocou famílias para regiões distantes, pessoas que habitavam o local há mais de trinta anos”.

Após intervenção do parlamentar, o superintendente do DAEE comprometeu-se a realizar audiências públicas na Vila Itaim para ouvir a população.