Clóvis Carvalho: um defensor do povo negro e da juventude

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Por | 9/10/2013

Foi enterrado hoje, 9 de outubro, no Cemitério dos Jesuítas, o corpo do bacharel em Direito, Clóvis Carvalho dos Santos, 42 anos, guarda patrimonial da Prefeitura de Embu das Artes. Clóvis atuava em várias frentes dos movimentos sociais, principalmente nos movimentos de juventude e negros. Ele faleceu em 1º/10, deixou esposa e dois filhos.

Clóvis Carvalho foi um dos articuladores para implantação das políticas específicas em nossa cidade. Militante e atuante do Partido dos Trabalhadores (PT), fez parte das comunidades eclesiais de base - pastoral do negro na Comunidade São José Operário no Campo Limpo - SP. Foi membro do Grêmio Estudantil da Escola Estadual João Martins e da União da Juventude Socialista (UJS). Participou da coordenação do Movimento Embu de Várias Artes (MEVA) e coordenou o grupo juvenil, que deu origem ao documento de recomendações para implantação das políticas para a Juventude no ano 2000, o que, logo após, originou o atual Centro de Referência da Juventude (CRJ).

Foi assessor parlamentar da ex-vereadora Maria das Graças de Souza. Participou ativamente da Posse H2PM – Hip-Hop o Poder da Maloca, grupo juvenil de atuação cultural e social na cidade. Implantou e coordenou o Núcleo Voz da Resistência do Cursinho Popular da Educafro – Educação para Afrodescentes e Carentes na Escola Estadual João Martins e Escola Municipal Paulo Freire, que deu origem ao Cursinho Pré-vestibular da Prefeitura de Embu das Artes (Lei Municipal).

Realizou, em Embu das Artes, a primeira Marcha Noturna pela Igualdade Racial (referência para o movimento negro), que percorreu as ruas do centro da cidade, abrindo os debates e as reflexões referentes ao 13 de Maio (data da falsa abolição), que fomentou as discussões para as políticas de igualdade racial. Participou ainda da elaboração, como membro da Comissão Municipal, do I Plano Municipal de Promoção da Igualdade de Gênero e Raça. 

“A sociedade por sua vez é preconceituosa e racista a tudo que se refere à questão do negro. No Brasil, a história nos mostra quanto o negro sofreu, e sofre, para quebrar as barreiras do preconceito. Todavia, no Município de Embu não é diferente em relação ao restante do Brasil. Um município extremamente racista, machista e preconceituoso, mas com a implantação do Plano Municipal de Promoção da Igualdade de Gênero e Raça acredito que conseguiremos mudar esta realidade, desde que haja sinceridade e empenho por parte do Executivo e do Legislativo em promover, realmente, as políticas de ações afirmativas propostas nas plenárias do Plano Municipal. Por outro lado, a sociedade civil cumpre o seu papel, que é cobrar e fiscalizar a implantação do plano. O Município de Embu deu um imenso passo para combater o racismo no que diz respeito à reparação, mas, não será fácil convencer uma sociedade que, há décadas, vê o negro como um objeto. Ao implantarmos as ações voltadas especificamente para a comunidade negra, teremos grandes desafios, como: cotas no serviço público e especificidades da religião de matriz africana. Governo e sociedade civil têm uma tremenda responsabilidade em divulgar e implantar este plano que vem ao encontro dos anseios da comunidade negra, colocando esta minoria, tão discriminada, em pé de igualdade.” 
Clóvis Carvalho dos Santos, 2008.

(Texto retirado na íntegra do I Plano Municipal de Promoção da Igualdade de Gênero e Raça, lançado em 2008 – escrito por Clóvis Carvalho, que foi indicado para representar a Câmara Municipal de Vereadores - Poder Legislativo, na Comissão Gestora do Plano Municipal de Gênero e Raça). 

Foi candidato a vereador pelo Partido dos Trabalhadores em 2008, com as bandeiras que sempre defendeu: "Pela educação, cultura e trabalho".

Uma grande salva de palmas!  

Comissão Municipal de Promoção da Igualdade Racial 
Amigos, companheiros e militantes do Movimento Negro de Embu das ArtesGoverno da Cidade de Embu das Artes

Fonte: site do Governo da Cidade de Embu das Artes