Base do governo tenta “acabar” com apuração de venda de emendas parlamentares e Geraldo volta a defender CPI

Por | 24/10/2011

Na reunião do Conselho de Ética da Alesp, realizada nesta quinta-feira (20/10), que analisa denúncia de venda de emendas parlamentares, deputados da base do governo tentaram dar dois golpes. O primeiro por parte do deputado Campos Machado, que tentou encaminhar para o Ministério Público Estadual imediatamente toda a apuração do caso. O segundo por parte da Corregedora da Casa, deputada Célia Leão, que queria tomar para si o andamento dos trabalhos.

Em ambos os casos, as tentativas foram frustradas pela intervenção da Bancada do PT, da qual o deputado Geraldo Cruz faz parte, e está marcada nova reunião do Conselho para o próximo dia 27/10, quando deverá ser apresentado relatório por parte do deputado José Bittencourt, solicitado pelo presidente da comissão, deputado Hélio Nishimoto.

O deputado Geraldo Cruz acredita que “será muito difícil apurar algo de efetivo no Conselho de Ética a partir das denúncias públicas do parlamentar Roque Barbiere, de que existe venda de emendas a empresários e prefeituras, mas sem citar nomes. Por isso, defendi junto à Bancada do PT a abertura imediata de uma CPI, forma mais efetiva de conseguirmos apurar a veracidade e gravidade das acusações e erradicar, se for verdade, essa mazela dentro desta Casa de Leis”.

O deputado Major Olimpio, ouvido na última reunião do Conselho, apimentou as denúncias, revelando o nome (Terezinha Barbosa) de pessoa com amplo trânsito no Palácio dos Bandeirantes e Casa Civil “e que foi vista abraçando o governador Geraldo Alckmin nas comemorações do último feriado de 9 de julho”.

O parlamentar contou ter sido procurado por ela em 2007, “pedindo ajuda, por meio de emenda parlamentar, para entidade que dizia representar (Centro Cultural Santa Terezinha). Disse que era deputado novo na Casa e que não tinha direito a isso. Ela retrucou, e me convidou a ir à Casa Civil, no dia seguinte. Aceitei e pude constatar seu livre trânsito junto a funcionários da Casa Civil, pois pediu uma pasta de emendas com o meu nome, que obviamente estava vazia”, afirmou o deputado Olimpio.

Ainda de acordo com o deputado, “foi a partir desse contato que fiquei sabendo que outros parlamentares aqui da Casa tinham a prática de solicitar parte da verba destinada a entidades regulamentadas e aptas a receber verbas governamentais para destinar a outras entidades não-regulamentadas”.

O deputado Orlando Morando perguntou, então, se o Major Olimpio sabia dos nomes desses outros parlamentares: “Não, a dona Terezinha não quis revelar, mas talvez o faça se for convocada para vir falar aqui no Conselho de Ética”.

A partir desse momento, a bancada do governo impediu a votação de qualquer requerimento de convocação, com a sessão tendo de ser interrompida por duas vezes em decorrência de discussão entre os membros do Conselho.

Numa das falas de representantes da bancada do PT, foi dito que “a pizza está no forno, e já temos até o pizzaiollo, que irá produzir o relatório na próxima reunuião”.