Encontro entre educadores, sindicatos e SEE inicia debates sobre o plano de carreira na educação

Cerca de 200 profissionais da educação de 12 diferentes municípios participaram do seminário sobre o plano de carreira Galeria de Fotos

Por | 8/07/2011

Mobilização. Assim pode ser resumido o recado deixado por João Palma Filho, secretário-adjunto da Secretaria Estadual de Educação, aos mais de 100 profissionais da educação de 12 diferentes municípios da região Sudoeste, reunidos dia 2 de julho, na Câmara Municipal de Embu, para participar do seminário “Plano de carreira das/os profissionais de educação”, iniciativa do mandato do deputado Geraldo Cruz.

“Gostaria muito de ver a categoria mobilizada, ocupando a Praça da República, em São Paulo, para sensibilizar o governador Geraldo Alckmin a realizar as múltiplas mudanças necessárias na área da Educação amplamente debatidas aqui neste seminário e com as quais concordo, mas que para sua total implementação preciso de apoio de todos os profissionais envolvidos na questão”, disse o secretário-adjunto.

Os demais membros da Mesa – deputado Geraldo Cruz; Roberto Franklin de Leão, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE); Bia Pardi, assessora para Educação da Liderança do PT na Alesp; e Cesar Pimentel, da Apeoesp – apoiaram plenamente esta iniciativa de mobilização.

O deputado Geraldo Cruz reafirmou o compromisso de encaminhar ao Governo do Estado todas as propostas apresentadas no seminário, que subsidiarão também sua atuação na Alesp.

Para o deputado Geraldo Cruz, “neste debate pudemos ouvir as opiniões de todos os setores envolvidos na área da educação, o lado do governo, dos representantes dos profissionais da educação e dos funcionários. Cabe agora a nós, ao mandato, encaminhar adequadamente as propostas e lutar, na rua ou na Alesp, para que ocorram mudanças positivas que possam atender a todos e principalmente aos estudantes”.

O deputado, em resposta a fala do secretário-adjunto da Educação, defendendo propostas governamentais e projetos recentemente aprovados na Alesp, disse que “já considero uma vitória a vinda a Embu de João Palma, mas que se de fato ele ouviu as reivindicações feitas aqui no seminário aí sim poderemos avançar na política estadual em São Paulo, em que as questões municipais e estaduais às vezes se conflitam”.

O deputado também afirmou que o seminário foi uma primeira iniciativa sobre o tema, que deve se repetir inclusive porque o secretário da educação, em visita à Alesp, informou que o processo de construção do plano de carreira está se iniciando. “Temos que mobilizar a região para oferecer propostas à SEE”, disse.

Bia Pardi, em seu pronunciamento, concordou com o deputado e relembrou seus 30 anos de luta em prol da educação, “em que vi uma série de projetos inócuos sendo implementados, como a fatídica progressão continuada, partindo de pessoas de gabinete, sem ouvir o que os verdadeiros profissionais da educação pensam para melhorar o atual quadro do ensino público”.

Cesar Pimentel, por sua vez, fez uma apresentação demonstrando onde estão os gargalos da atual política educacional no plano de carreira dos profissionais.

Já o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), Roberto Franklin de Leão, lembrou que “se fala muito em falta de professores, de funcionários nas escolas, mas o que existe realmente é falta de estímulo aos jovens para continuarem na carreira de professores, enfrentando salas de aula lotadas, com mais de 40 alunos, e jornadas de trabalho que impossibilitam darem prosseguimento a sua formação e vencimentos que mais estimulam a saída desses profissionais da área do que lhes dão condições de se manter”.

Estiveram presentes ao encontro o prefeito Chico Brito, a vereadora Ná e os vereadores João Leite e Silvino Bonfim, de Embu; a vice-prefeita Márcia Regina, o secretário de educação José Marcos e o secretário-adjunto Oderlan Pereira, de Taboão da Serra; a vereadora Maura de Jandira; e o vereador José Maria, de Itapecerica, além de representantes de diferentes sindicatos e associações de classe.

Professores fazem críticas e apresentam sugestões

Participaram do seminário “Plano de carreira das/os profissionais de educação” educadores de 12 municípios da região Sudoeste e não faltaram críticas às políticas educacionais vigentes, passando pela ausência de plano de carreira, precariedade das condições físicas das escolas, falta de atenção à saúde, limitação dos atestados de saúde, entre outras.

Rosemary Mendes de Matos, secretária de Educação de Embu, apontou as dificuldades existentes na relação entre município e estado, no que se refere à partilha de responsabilidades na oferta da educação básica. “A rede estadual não oferece vagas para a EJA, impedindo nossos estudantes de continuarem os estudos. Também não existem vagas para o ensino médio, e não se faz o registro da demanda”, disse.

A secretária ressaltou ainda a dificuldade no diálogo com os dirigentes regionais de ensino, que se recusam a participar da formulação de estratégias conjuntas para a educação.

Jocelino dos Santos, diretor da rede estadual de ensino, criticou a aplicação da prova de mérito, e destacou que o mérito do trabalho docente está nos frutos da sua relação com estudantes e comunidade. Destacou também que sua escola ficou um ano sem professor de matemática em virtude da mudança nas regras de adicional de acesso, o que demonstra que o discurso está longe da realidade.

Dílson Cruz, professor da rede estadual, elencou uma série de situações vividas pelos profissionais da educação que contribuem para a desvalorização da carreira, inclusive a culpabilização dos professores pela insuficiência do desempenho dos estudantes.

Rosilene Telles, professora da rede municipal de Embu e Sandra Cristina de Souza, presidenta do SindTaboão, apresentaram demandas sobre os planos de carreiras das redes municipais que, de acordo com elas, precisam ser revistos para atender às necessidades da categoria.

Compromissos

O secretário-adjunto João Palma reconheceu a precariedade das condições de trabalho docente, processo que, segundo ele, começou em 1978, no governo Maluf, tendo sido intensificado ao longo dos demais governos, com exceção da administração de Franco Montoro, que registrou iniciativas positivas.

Ponderou que a nova equipe dirigente está atuando há 6 meses, tempo insuficiente para reversão do quadro. Ressaltou que o período foi marcado pelo diálogo com os profissionais da educação, por meio de reuniões nos 15 pólos estaduais.

Assumiu o compromisso de ampliar o número de horas para trabalho pedagógico, elevando para 8 a 10 horas. Em relação à falta de professores, informou que o governador autorizou concurso para contratação de 25 mil cargos, o que deve minimizar o atual déficit que, para o governo está em torno de 30 mil. No entanto, César Pimentel advertiu que o número de temporários, divulgado no próprio site da SEE, é de 96 mil.

Sobre a relação das diretorias de ensino com as secretarias municipais, Palma se comprometeu a participar das articulações regionais, reafirmando seu compromisso pessoal e do secretário com a melhoria da qualidade do ensino e das condições de trabalho docente.

Cobrado pelo histórico descaso do PSDB com a educação e, sobretudo, pelo fato de Geraldo Alckmin não ter priorizado a educação em sua gestão anterior, o secretário afirmou “conceder ao governador o direito de mudar de opinião, mudando os rumos da política educacional em relação ao período anterior”, para ele, os resultados eleitorais “foram estímulo para revisão da posição”, disse.