Secretário conta historietas para enganar paulistas

Por cecilia | 23/03/2017

Nesta quarta-feira, Dia Mundial da Água, o secretário de Saneamento e Recursos Hídricos de Alckmin, Benedito Braga, nos brinda com um artigo na Folha de São Paulo. A peça parece ter sido escrita com grande esforço de imaginação do secretário, já que não condiz com o clima em que vive os paulistas hoje.

Represa Atibainha, que integra o sistema cantareira, em Nazaré Paulista
Represa Atibainha, que integra o sistema Cantareira, em Nazaré Paulista

O Tietê que, como bem lembra o secretário romancista quer dizer “água verdadeira”, na vida real é um rio de plástico com preço de ouro. Sua pretensa despoluição já custou mais de R$ 8 bi aos cofres públicos e agora, o governador promete levar para o ralo mais R$ 55 milhões em obras de desassoreamento de trechos do rio. È sempre bom lembrar que 8 bi foi o valor gasto por Lula e Dilma para levar água do Rio São Francisco ao sertões de quatro estados nordestinos, beneficiando 12 milhões de pessoas!

Segundo a coordenadora da organização Aliança pela Água, Marússia Whately. "o preocupante é que nós estamos convivendo com a solução de 'ah, passou, a crise acabou, nunca mais vai acontecer'. E estamos perdendo a oportunidade de refletir o que poderia ter sido feito melhor, o que poderia ter sido prevenido para o futuro, para evitar se colocar na mesma situação que a gente ficou naquele momento".

A promessa de despoluir o Tietê só não é mais antiga que o governo tucano em São Paulo. Se saísse do campo da fantasia sua conclusão traria muito mais qualidade de vida e abastecimento de água para a população.

“Se hoje não vivemos a falta de água de 2014 e 2015 é por conta de São Pedro e não pela eficiência de Alckmin. É uma irresponsabilidade deixar um estado como São Paulo a mercê do clima e da sorte”, explica o deputado Geraldo Cruz.

Só há uma única verdade na historieta contada por Benedito em seu artigo, é a boa vontade do povo paulista na economia da água, o que exige grande sacrifício, principalmente da população mais pobre. Não há investimento em campanhas permanentes para o desenvolvimento de uma consciência coletiva do uso correto da água e muito menos um plano de ampliação da utilização da água de reuso.

As medidas encontradas pelo governo são sempre as de buscar água cada vez mais longe, o que depende de grandes obras e mais desmatamento. O negócio da Sabesp é vender água e levar lucro aos seus acionistas de Nova York.

Diante da ineficiência do governo paulista só nos restou comemorar este Dia Mundial da Água revendo as imagens produzidas no último domingo na cidade de Monteiro, sertão da Paraíba, com o povo feliz se banhando nas águas do São Francisco prometidas desde o Império. Esperamos que Alckmin não seja tão demorado.