Alckmin diz que racionamento acabou, mas população continua sem água

Por cecilia | 14/03/2016

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), veio a público anunciar que a crise hídrica que castiga o Estado há mais de dois anos chegou ao fim.

A declaração causou revolta na população, pois muitas famílias reclamam que ainda sofrem com torneiras secas em suas casas.

Em Guaianases, na zona leste da capital, a interrupção no fornecimento começa às 14h e só volta ao normal na madrugada do dia seguinte, por volta das 5h, dizem moradores. "Estão racionando água ainda, nada mudou", relata a dona de casa Rafaela Coutinho Xavier.

No bairro de Itaquera, também na zona leste da capital, moradores contam que a água falta todo dia a partir das 19h. As caixas só voltam a receber água da rua a partir das 5h do dia seguinte. "Armazeno água em tambores porque não confio mais se vamos ser abastecidos todos os dias", diz outra moradora. Ela conta que, no auge da crise hídrica, a rua onde mora chegou a ficar cinco dias consecutivos sem abastecimento. Hoje, afirma, a situação amenizou, mas ainda não voltou a ser como era antes da crise.

A rotina de aperto e desabastecimento continua também na zona norte da capital. Ao menos duas vezes por semana, a engenheira Roseleide Bibiano, no Parque Edu Chaves, é obrigada a esquentar água no fogão e a tomar banho de caneca quando chega do trabalho. "Não recebemos a água pela qual pagamos todos os meses", diz.

A família de Roseleide já se habituou a armazenar água da chuva em latões para usar na descarga dos banheiros e para limpar o quintal. A máquina de lavar roupas só é usada uma vez por semana.

"No fim de semana é pior, recebemos visitas de amigos e parentes e o constrangimento é geral", afirma ela.

Na verdade continuamos sem água

A lição tomada com o agravamento da falta de água não foi aprendida pelo governo do estado de São Paulo. Nenhum tipo de investimento foi feito para que, com a o aumento dos níveis dos reservatórios, e com o fim da redução da pressão, haja menos perda de água no sistema de distribuição. A periferia continua sofrendo.

A prioridade do governo, nesse momento, é retomar a receita perdida no último período e prestar contas aos acionistas, retomando os altos lucros. Reduziu o programa de bônus para quem economiza água e manteve a multa para quem gasta acima da média. Cogita também aumentar novamente a tarifa.

Para o deputado estadual, Geraldo Cruz, “as afirmações do governador Geraldo Alckmin são irresponsáveis e podem servir para desestimular o consumo consciente da água”, disse.